quinta-feira, 21 de novembro de 2013

UMA REFLEXÃO SOBRE A SOLIDÃO

Certa vez, um discípulo caminhava pela floresta que conduzia ao templo de seu mestre. Sua alma estava dolorida pelo período de solidão ao qual enfrentava. Ao receber o discípulo, o mestre conduziu-o por uma meditação para suavizar e acalmar sua mente, e seguiu-se o diálogo:

- Mestre, parece-me que às vezes agimos baseado no medo da solidão. Atuamos utilizando máscaras, as quais estão mais de acordo com o que os outros esperam de nós do que o que realmente nos indica a voz de nossa intuição, o chamado de nosso Ser mais profundo. Como a sabedoria pode nos ajudar a atravessar o medo da solidão?


- Meu filho, a sabedoria de toda uma vida é como uma flor que nasce dos pântanos da alma. Enquanto a solidão alimenta-se e brota justamente da mesma substância que alimenta as nossas sombras interiores, a gratidão pela vida na contemplação do Ser verdadeiro transmuta em luz de amor todos os medos. Onde habita a gratidão e o amor, não pode haver espaço para o medo. O medo é fruto do egoísmo, a prisão do ego que nos acorrenta e nos impede de dar um passo no rumo de nossa felicidade. Quando estamos no espaço interior a partir do qual sentimos gratidão, estamos como fosse no olho do furacão. Há muito movimento, causado pela mente, pelo ego e pelas sombras. Há o movimento de nossa própria vida encarnados na matéria, que ruge qual a mitológica Babilônia, o grande furacão da inconsciência coletiva, também chamada Maya. Mesmo assim, em meio ao medo, em meio à incerteza ou em meio à dor, podemos conscientemente nos sintonizar com a gratidão, agradecendo os aprendizados do passado e do presente, e desenvolvendo confiança de que nos próximos passos a vida nos trará novos caminhos, afinal de contas tudo é mutação. A vida é rio que corre sempre em frente, então podemos expressar gratidão e fluir junto com o rio, observando sua passagem. As águas do rio não podem ficar presas àquela bela montanha ou àquelas belas pradarias que ficaram no passado, que ficaram para trás. Às vezes as águas do rio devem ser levadas às regiões áridas, representação daquilo que habita em nosso interior e não queremos enxergar. De qualquer forma, elas devem permanecer correndo no fluxo da vida, para desaguar no oceano e cumprir sua meta, culminando assim na autorrealização, no cumprimento de seu propósito mais profundo. A meta da vida é o aprendizado constante, através do desenvolvimento da consciência até que culminemos com nossa entrada consciente de volta a TAO, o que representa a salvação ou a iluminação, como mergulho de dissolução num Oceano de Amor que já está em nós, mas que ainda não conseguimos perceber. A gratidão, a compaixão e o amor é o caminho dos sentimentos nobres que nos sintonizam com o fluxo da Vida, e é a amorosidade de nosso ser essencial um caminho como bálsamo salutar que nos facilita o retorno ao fluxo de TAO, a ser aquilo que nós verdadeiramente somos.

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