UMA
REFLEXÃO SOBRE A PACIÊNCIA
Um
dia, o discípulo encontrou-se com seu mestre aos pés de um belo riacho. O
mestre parecia mergulhado no silêncio, enquanto que a turbulenta alma do
discípulo estava preocupada com o dia de amanhã, na incerteza do que poderá
trazer o futuro. Decidiu interrogar ao mestre sobre qual conduta tomar para
acalmar seu coração.
-
Uma parte de nós deseja que as nossas questões se resolvam logo, que a vida
ande para frente. Mas parece que o Universo anda em outro ritmo, bem devagar,
no seu próprio tempo, o que faz com que criemos sofrimento com a impaciência.
Então, Mestre, como ter mais paciência?
-
A paciência é a confiança no Verdadeiro Ser. Na prática de tiro com arco, você
pode visualizar um arqueiro que puxa a flecha, mas não a solta, pois deseja
controlar os resultados. Assim tem sido na vida de muitas pessoas, e na sua
também. Como a criança que não deixa a plantinha crescer por estar sempre
abrindo o buraco para olhá-la, vocês não deixam a vida germinar, o que demanda
tempo, pois não dão o espaço apropriado para que a velha semente possa morrer e
para que a nova planta possa surgir. A vida surge da morte, e esse jamais
poderá ser um processo indolor.
O
Verdadeiro Ser vai surgindo reluzente na medida em que a escuridão e o ego vão
morrendo. Mas, para o ego, abrir mão é morrer, e ele não fará isso. É somente
no Verdadeiro Ser que podemos experimentar a paciência. E o caminho para se ter
paciência é sentir gratidão por cada etapa do processo.
A
mãe carrega com paciência o bebê no útero, e ainda assim ela vive saudavelmente
o processo de espera, na medida em que sente gratidão por cada etapa. A árvore
tem paciência, e somente produz frutos no momento propício, expressando sua
gratidão pela vida. A natureza é sábia, pois é símbolo de harmonia e perfeição
Daquela Inteligência Infinita que a criou, o Grande Mistério inominável. Mesmo
os que não acreditam em um deus, devem observar que há na Vida uma Inteligência
Suprema que nos ultrapassa. Observar o milagre da vida e sentir gratidão nos
harmoniza novamente com o fluxo do Universo, e sentir gratidão por cada uma das
mais simples manifestações da Natureza Sagrada nos faz sentir conectados com o
que verdadeiramente somos, aqui e agora, pois nós somos um só com a Natureza
Sagrada.
A
paciência é como fruto desta sublime conexão, quando, com as mãos em prece,
dizemos GASSHO, NAMASTÊ ou AMÉM, eu me entrego à Vontade que é maior que minha
vontade, eu saúdo o que há de mais sagrado na vida, dentro, fora e através de
mim, eu me entrego à não ação, a wu wei, pois esvazio-me de mim mesmo, e
permito que somente a ação inspirada pelo Verdadeiro Ser possa surgir através
de mim.
Cada
um de nós é como um canal do Verdadeiro Ser, como o vazio do bambu, a serviço
do amor e da vida. Podemos resistir ao fluxo de amor e nadar contra a corrente,
feito ego impaciente, mas também podemos conscientemente nos entregar ao fluxo
de TAO, ao fluxo de energia e de vida, e nos sentir gratos na medida em que
participamos deste mistério que nos ultrapassa, sentir gratidão por sermos os
canais da energia universal que nos quer utilizar sempre e cada vez mais para
espalhar sabedoria, paciência, gratidão, cura, presença, todos os frutos,
enfim, de uma vida com bases bem fundamentadas no transpessoal AMOR.
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