Eu fico com o que é meu, eu entrego o que é seu!
Esta é uma frase de libertação e cura das constelações familiares, para nos liberarmos dos pesos que às vezes pegamos, consciente ou inconscientemente, através de nossos relacionamentos.
Muitas vezes adoecemos por carregar pesos e responsabilidades em nossas vidas que não são nossos. Trata-se algumas vezes de uma tentativa inconsciente de agradar aos outros, o que nos leva a nos importar demasiado com a opinião externa e nos faz sentir um peso altamente desconfortável dentro de nós.
Um amigo estava sendo pressionado para casar-se sem sentir se era a hora certa ou não e veio me perguntar como lidar com o desconforto. Uma estudante vivenciava momentos de profundo e desconfortável estresse às vésperas de uma prova. Um adolescente se sentia mal todas as vezes em que o pai falava de maneira grosseira com ele. Um amigo veio me perguntar como lidar com as opiniões conflitantes da família da namorada. Um profissional de segurança carregava todos os pesos de sua empresa consigo. Uma mãe e uma criança carregavam medo e ansiedade devido a um assalto que assistiram, mas que não foi com eles. Vejo várias pessoas recitando um sarau de atos de violência que coletam da grande mídia todos os dias, até finamente conseguirem se tornar mais uma vítima, afinal, o universo nos dá exatamente aquilo a que damos atenção!
Em todos estes casos, o ideal é que possamos aprender a dizer a frase de liberação:
Eu entrego o que é seu, eu fico apenas com o que é meu!
Através deste gesto honramos o destino do outro, honramos sua diferença e suas potencialidades de lidar com as próprias dificuldades que a vida lhe trás. Devemos abdicar do movimento interno de salvar o outro.
Eu mesmo tive de passar muitos dias doente por carregar o peso de meus clientes e pacientes comigo, até aprender que cada pessoa é uma obra única, um experimento maravilhoso da vida. Eu aprendi que devo honrar cada pessoa, amar seus problemas e suas potencialidades, amar a jornada de aprendizado de cada alma sobre esta Terra. Não devemos levar conosco o que não é nosso, assim, podemos adoecer e trazer desequilíbrios vários para nossas vidas.
Assim, sempre que uma situação estiver incomodando-o (a) pergunte-se: é realmente minha responsabilidade? ou diz respeito à vida do outro? esta história (opinião, ou crença, ou acidentes, ou atos de violência) é minha ou sua? eu realmente posso fazer algo? devo fazer algo? se não há nada que eu possa fazer, devo entregar a vida do outro, respeitando-o e honrando suas potencialidades.
Como na máxima de São Francisco de Assis: Senhor, dai-me forças de modificar o que eu posso mudar, aceitação para o que não posso mudar, sabedoria para discernir uma situação da outra.
A vida é um sutil equilíbrio entre dar e receber. Quando pegamos o que não nos pertence, adoecemos, nos desequilibramos. Inconscientemente é como se quiséssemos curar ou salvar o outro ao invés de olhar para nossas próprias feridas ou nos responsabilizar pela nossa própria cura. Assumir a responsabilidade pela nossa cura e transformação, além de honrar o destino do outro é nossa proposta através destes esclarecimentos.
Espero que este artigo tenho ajudado a crescermos em autoconsciência, a aos poucos conquistar novos níveis de saúde, cura e de realização no Ser!