sábado, 9 de novembro de 2013

NADA IRÁ NOS PREENCHER


Nada irá nos preencher. Sim, pois o preenchimento é interno. Pelo menos esta é a tese que quero apresentar neste texto de hoje. A plenitude a qual nós tanto aspiramos só pode vim de dentro de nós, da descoberta e do contato com nosso Ser interior. Muitas vezes tentamos mudar os outros, tentamos mudar a nós mesmos, tentamos mudar o que é. Eu também faço e fiz isso muitas e muitas vezes. Este tipo de atitude caracteriza, no entanto, uma não aceitação do que é, uma desconexão do fluxo da vida. Causa dor e sofrimento para nós e para os outros. E, paradoxalmente, a mudança somente acontece na plena aceitação, quando podemos silenciar nossa mente ou nosso ego e nos assentar na presença de nossa amorosidade essencial. Aceitar o que somos, aceitar este momento. Fluir com o que é. Amar o que é. Amar os outros e ter paciência com os seus limites. Amar o que somos e ter paciência com nossos limites.

Nada vai preencher este vazio que caracteriza nosso ego. Esta sede interior, que vem da desconexão com o verdadeiro Ser, não pode ser saciada com as águas do mundo fora de nós, mas somente com a aqua doctrinae dos alquimistas, a fonte de água viva dentro de nós. Na superfície da vida e do eu, tudo é mudança, tudo é passagem. No verdadeiro ser, nas profundezas do oceano de amor que nós verdadeiramente somos, tudo É, o constante, ilimitado, além do eu, além da forma. "Não se trata de estar amando alguém, mas sim de SER AMOR!" nos aponta o caminho o sábio Osho.



AS FERIDAS DA ALMA

Dentro de nós existe uma criança ferida. Muitas vezes temos vergonha de nossa imaturidade, mas, justamente quando não a percebemos, ela puxa nosso tapete, clamando nossa atenção. Esta criança ferida em nós exige atenção, respeito, dependência dos outros, ser importante ou indispensável. Às vezes, fugimos de nossa dor procurando construir uma auto-imagem idealizada de poder, de serenidade inabalável ou de bonzinho ou boazinha. O que acontece aí, na verdade, na linguagem do Pathwork de Eva Pierrakos, é que estamos procurando falsos substitutos para o amor. O que nossa criança quer mesmo é ser aceita, ser amada, e de alguma forma acreditamos que sendo "alguém melhor" seremos amados, mas não sendo o que eu sou.  

Como eu posso curar minhas feridas? Perguntei e a minha intuição respondeu: "Curando a ferida dos outros"...  É como diz aquela famosa lei: buscai e achareis. Quem fere, fere a si mesmo, quem cura, cura a si mesmo. O que você quer receber da vida, procure dar... Todo o universo é uma interconexão entre dar e receber. Não tenho certeza se esta é uma resposta certa ou definitiva, nem tampouco acredito que seja um caminho universal, mas acredito mesmo que o importante é escutar o chamado de nosso eu interior. Ele fala conosco justamente através de nossa intuição. Eu sei que este é meu chamado, para minha vocação de ser terapeuta... E o seu chamado qual é? Aposto que sua intuição já respondeu... Escute... o silêncio...



OLHAR PARA DENTRO

Nossa sociedade nos faz procurar fora de nós momentos de grandes realizações: reconhecimento, segurança, poder, cursos, viagens, aparências, títulos, o relacionamento com a pessoa ideal, etc. No entanto, o caminho para a saúde e a cura no sentido integral está em nos harmonizar com nossa alma na comunhão com o fluxo da vida, nos harmonizar com aquilo que nós verdadeiramente somos e viver o equilíbrio entre o que a vida exterior nos pede e ao mesmo tempo atender à vocação a qual nossa alma chama em nosso interior. É disso que trata toda a jornada de autoconhecimento: dentro de nós é possível retornar a ser o que se é.

Outro dia num sonho um mestre me disse que procurasse guardar silêncio. Justamente eu que tanto falo e escrevo? Justamente por isso, talvez. No silêncio, na meditação, na oração, encontramos a porta estreita que nos leva à comunhão com nosso verdadeiro Ser. Apenas no silêncio podemos encontrar as respostas para nossa alma, a diretriz do nosso caminho. Assim, no interior do templo, na silenciosa presença do Ser, poderemos nos reconectar a quem nós somos. É uma questão de parar de procurar fora, e passar a olhar para dentro de nós. "Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda" já dizia Jung. Dentro de nós estão todos os segredos da vida. Dentro de nós está todo o mistério, toda a magia. Dentro de nós está tudo o que procuramos fora, nossa realização, nossa totalidade, nossa plenitude. Assim, aprendiz do mestre silêncio, percebi o novo mito pelo qual eu vivo: o COSMOS interior, encontrar e realizar este universo no interior do que eu sou. 

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