quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Tudo é por Amor

Tudo é por Amor
Uma experiência nas fronteiras da consciência




Certa vez pude servir a uma pessoa que me procurou por estar vivendo momentos de dificuldade, estagnação, não sabia o que fazer de sua vida. Sentia-se culpada e em sofrimento por ações cometidas em seu passado, às quais ela referia como se houvesse vivido uma "queda". 

Durante os trabalhos com hipnoterapia, conduzi-a até que pudesse visualizar seus guias espirituais, uma imagem que reflete nossa sabedoria interior mais profunda e desperta o potencial curativo de nossa consciência. 

Os guias trouxeram uma maravilhosa mensagem, de cura e de amor infinito. Eles alertaram para  fato de que não existe culpados diante do amor infinito, acentuando a importância do perdão, perdão de tudo o que aconteceu conosco e de tudo o que fizemos, o que nos permitiria encontrar nosso caminho de cura. Comecei a me emocionar com a profunda mensagem que traziam, e a sentir uma sensação de paz, de amor e de cura que se expressava ao atingirmos este nível de experiência, o que fazia parecer que uma outra qualidade de presença ou de energia se manifestava ali na sala de terapia, nos envolvendo. 

Eles ressaltaram também a importância deste trabalho, que já vem de muito muito tempo, de distâncias quase indistinguíveis nas teias da memória. Agradeci a eles através da cliente. Responderam que não havia por quê agradecer, que tudo o que faziam era por amor. Eu confesso que tremi de chorar e de emoção neste momento. Eles disseram que o amor é a força que move o universo, que tudo o que existe, tudo o que se move, é o amor. Ressaltaram a importância deste trabalho e disseram que eu iria ajudar ainda muitas pessoas a se curar de suas dores interiores, de seu sofrimento, e que esse era o propósito de minha vida.

Muitas vezes em momentos de dificuldades nos esquecemos que nossa vida tem um propósito. Mas as lições que aprendi trabalhando com os estados ampliados de consciência é que jamais estamos sozinhos, mas verdadeiramente nada se passa fora dos olhos da Inteligência Infinita, do Criador, ou seja lá qual nome você dê ao poder infinito que move o universo. Acredito mesmo que o melhor nome é chamá-lo Amor. 

O amor é o que nos move, é o propósito de nossas vidas, e Ele nos conduz para que possamos viver nossos caminhos de cura e de realização. Tudo o que nos acontece, ainda que num primeiro momento possa parecer ruim, é por amor, é para nos ensinar o amor, é para nos conduzir ao amor, desenvolvendo em nós a consciência de tudo o que podemos ser e realizar.


Desejo que, cada vez mais, o Amor Infinito possa conduzir nossas vidas! 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

O valor das mudanças




A Tanatologia é um caminho na ciência ocidental através do qual podemos estudar como o ser humano reage em situações de mudança. Muitas vezes o processo de sair de um antigo nível de existência e entrar em um novo nível pode se tornar um processo difícil, pois a pessoa acaba por não conseguir aceitar abrir mão do que passou para poder abraçar os novos momentos com que a existência vem brindá-la. Por causa do apego, muitas vezes deixamos de nos abrir para o novo, e acabamos estagnados e infelizes em uma situação de vida que pode se tornar uma bola de neve, cada vez mais sem saída.

No entanto, acompanhando pessoas em processo de luto, pude perceber muitas vezes que no interior da psique todos nós possuímos os recursos necessários para atravessar os momentos difíceis e abraçar os novos caminhos e as novas maravilhas com as quais a vida vem nos encontrar. Sabedoria é justamente este aprendizado, aprender a saborear o momento presente. No budismo, uma das temáticas principais é justamente a impermanência  como sendo a principal característica do mundo dos fenômenos. Na sabedoria chinesa, berço da acupuntura, do taoismo e de muitas artes marciais, aprendemos que a sabedoria está em perceber que tudo na natureza muda o tempo todo, e a mudança é a única constante. Então os antigos sábios chineses, contemplando a natureza, aprenderam em seus processos interiores que a mudança possui um valor fundamental para aquele que deseja entrar em harmonia com a natureza, com a essência da vida.

Vamos agora a um exercício. Lembre-se de um momento no passado no qual você passou por mudanças difíceis. Certamente, ali, na hora, você não poderia acreditar que aquele processo imediatamente doloroso e sem sentido levaria você a novos caminhos, a viver todas as coisas positivas e significativas que vieram depois. Eu quero que você se dê conta justamente disto, que todos os infinitos recursos de transmutação da nossa qualidade de vida está agora mesmo em nós. É assim, de um modo mais ou menos inconsciente, que vamos nos transformando, pois infinitamente maior do que nós é a Grande Vida Viva que vai nos levando na valsa de seus mistérios.

Dentro de nós existe esta grande fonte de vida que nos leva, de transformação em transformação, às vezes mais lentamente outras vezes bruscamente, a viver os novos níveis do nosso ser. E é justamente o conhecimento de nós mesmos, quem nós realmente somos, o que nós ganhamos com toda esta mudança. Digo tudo isto porque tem pessoas que acreditam que estabilidade é o sonho da vida delas, mais logo a estabilidade se transforma em pesadelo, sofrimento, insatisfação. A vitória está em ir além, transcender, superar-se a cada nova situação difícil que a vida nos trás. Aprender a cada passo, fazer de cada curva da vida um caminho novo.

O despertar da nossa criatividade é outro presente que recebemos neste processo. Diante do novo, do desconhecido, somos obrigados a acessar em nós aquela dimensão a partir da qual novas respostas são exigidas, novos recursos devem ser criados a partir dos antigos, novos propósitos nos aparecem como uma possibilidade de dar sentido à vida. Assim, vamos redesenhando, reescrevendo a história de nossa vida, redescobrindo quem nós verdadeiramente somos.

Desejo a vocês as melhores e mais significativas mudanças, que levem vocês à autodescoberta mais profunda, aos novos níveis de prazer e de criatividade. Que nossas mudanças e transformações nos levem aos níveis mais elevados de realização! Que nós possamos celebrar o maravilhoso momento presente, com o qual nos brinda a infinita Vida Viva!    

domingo, 18 de agosto de 2013

Saúde, cura e o resgate da totalidade

 



Nossa totalidade, nosso ser mais profundo, na visão transpessoal, constitui muito mais do que nossa consciência do eu (ego) e os limites de nosso corpo. Nosso ser é constituído de diversos e diversos níveis de consciência mais profunda, que podem ser acessados nos estados da consciência ampliada. 

Isso significa que muitas de nossas potencialidades são desconhecidas. Defendemos que os recursos que nós já temos para lidar com os desafios da vida já estão em nós. Acredito mesmo que cada desafio contém em si mesmo a possibilidade de sua superação, o que nos levará a níveis mais elevados de vida, de saúde, de realização.  

Saúde e cura são, na verdade, a medida do equilíbrio e do desequilíbrio em que estão nossos corpos, nossas mentes e nossas vidas. Toda doença se origina na estagnação, no não aproveitamento de nossas potencialidades, enquanto que a saúde deve ser entendida para além da compreensão comum de ausência de doenças.

Saúde é um processo dinâmico, um caminhar contínuo, uma construção que devemos edificar a cada dia, tijolo por tijolo, pedra por pedra, passo por passo. Saúde é estar em equilíbrio, saúde é estar em comunhão com a vida, viver os tesouros que metaforicamente Deus depositou em nosso interior, viver no Verdadeiro Ser.

A cura também deve ser entendida como um processo. Todos nós somos mais ou menos doentes, na medida em que nos afastamos do nosso Verdadeiro Ser, de nosso ilimitado potencial humano.

Podemos, no entanto, continuar participando dos jogos de ilusões desta vida, ao que os budistas chamam de maya, ou podemos escolher conscientemente voltar para casa, para o domínio mais profundo de nossa consciência, onde habita o eu verdadeiro.

O eu verdadeiro é como uma partícula de Deus em nós. É como uma potente antena que capta as vibrações mais elevadas. Então, como ocorre num radio, onde devemos sintonizar a música que queremos ouvir, devemos sintonizar qual frequência vibratória escolhemos viver.

O processo de cura é ir elevando sua frequência vibratória, o que acontece em velocidades diferentes para pessoas diferentes. Há também avanços e retrocessos às vezes, mais como um rio fazendo curvas que subir continuamente. Elevando seu padrão vibracional, com mantras, orações e meditações, pensamentos, sentimentos e ações que leva de volta ao Verdadeiro Ser, você pode, aos poucos, camada por camada, viver níveis e níveis mais elevados de felicidade, níveis mais elevados de amor, níveis mais elevados de saúde, de consciência, de realização. 

Stanislav Grof definiu cura como um movimento em direção à nossa totalidade. Assim, cura seria resgatar nossa totalidade perdida. Seria o processo através do qual vamos descobrindo e desenvolvendo, cada vez mais fundo, nosso potencial, nossa capacidade de ir além, de nos superar e viver nossa vida com máximo de plenitude e realização. 

sábado, 17 de agosto de 2013

Vivemos em um universo vibracional




Os sábios da antiguidade nos falavam da existência do mundo visível, mas alertavam principalmente para o mundo invisível, seus diversos níveis e sua infinidade de seres, de mundos e de seus habitantes, em sucessivos planos da existência.

Com o advento da sociedade moderna, que a tudo racionaliza, que a tudo busca dominar com sua mente, passamos a desconsiderar a existência de qualquer plano que não seja experimentado pelos cinco sentidos. Somente é real, diz-se, se puder ser comprovado e verificado.

No entanto, no próprio modo de se fazer e pensar o conhecimento, escolhe-se, hoje, dogmaticamente, não olhar para a dimensão espiritual, para o que está para além de nosso ego, para os níveis mais ampliados de consciência.

Vivemos em um universo vibracional, e é isto que nos ensina a física moderna. O mundo da física clássica, onde tudo é material, já está ultrapassado pelos avanços do conhecimento científico, ainda que vivo na mente preconceituosa daqueles que não tem interesse de olhar para os planos mais profundos da experiência humana.

Em várias religiões se fala que o princípio fundamental do universo é o som, que é vibração. No Cristianismo, no princípio era o verbo. Na Yoga, o mantra OM representa o inicio de toda a criação, a energia mais fundamental do cosmos.

Einstein nos trás a compreensão de que energia é matéria e de que matéria é energia. Heisenberg descobriu, por sua vez, que um elétron é em determinados momentos, partícula e, em outros momentos, se comporta como onda, o que ele denominou de princípio da incerteza.

Fritjof Capra aponta que da mesma forma que os cientistas da física moderna, os sábios de tempos muito antigos descobriram que tudo é vibração, tudo é energia, e a matéria é a manifestação desta energia condensada.

Eles viviam na sabedoria da incerteza, pois contemplavam a dança das infinitas transformações da energia, em níveis e níveis de vibrações diferentes, de manifestação material desta energia única que atravessa a tudo no universo.

Os sábios budistas acreditavam que modificamos a realidade através de nossos pensamentos, nossos sentimentos e de nossas ações. Os sábios chineses comentavam que tudo o que existe é o Um, o Absoluto, ao que alguns deles chamaram de TAO. A partir do Um é que surgem todas as divisões, todas as manifestações no mundo material.

Surgem, então, os opostos. Por um lado surge Yin, o princípio feminino, a noite, a Lua, a Mãe, a Terra, o frio, o passivo, a mente inconsciente. Por outro lado surge Yang, o dia, o calor, o Sol, o princípio masculino, o ativo, a mente consciente. Da dança dos opostos se manifestaria tudo o que vemos no universo.

E entre os opostos estaria o homem, a integração, a ponte, o símbolo, a comunhão, a potencialidade para a suprema consciência. Nós podemos escolher ser, em nossas vidas, pontes entre as energias do céu e da terra. Esta escolha é na verdade um grande desafio. Podemos escolher viver uma vida de equilíbrio, o que gera saúde, bem-estar, evolução, plenitude e realização. O caminhar muitas vezes é árduo, mas a conquista de si mesmo é pelo que realmente vale a pena viver.



Mantras

A vibração mágica da vida



Certa noite, tive um sonho impressionante, não pelo que foi vivenciado, mas pelo sentimento que ele deixou. Sonhei que encontrava um índio, como se fosse um xamã. Ele me abraçava, e é como se nos reencontrássemos, como se nos conhecêssemos há muito tempo. Acordei em êxtase, e em minha mente entoava um mantra que tem me acompanhado desde então: EE AAHH EE OOHH!!!

Acredito que depois de receber este mantra sagrado muitas maravilhas foram acontecendo em minha vida, fui, pouco a pouco, descobrindo minha missão como pessoa, de trabalhar com as terapias para o autoconhecimento e a espiritualidade, temas que já eram importantes para mim. Recebi muitas bênçãos, e meu objetivo ao escrever é compartilhar o que aprendi nesta caminhada. Desejo continuar aprendendo e ensinando, trabalhando  e servindo, caminhando na senda do Verdadeiro Ser.


Cantos devocionais, louvores e mantras são atividades meditativas. Deus fala conosco através de nossos sonhos, e nós podemos falar com ele através de nossas orações. Antigamente, os povos desenvolveram muitos rituais, alguns vivos até hoje, para falar com a inteligência infinita, como o cachimbo que levava as preces para os céus, os oráculos que traziam respostas simbólicas para nossas vidas, dentre outros.

Podemos, no entanto, com a vivência dos mantras, nos reconectar com Deus em nós, com a essência ou fonte infinita que habita em nosso íntimo. Mantras são como meditação e oração, e este livro se propõe a ensinar esta arte de usar as palavras e seu poder vibracional.

Conta-se uma lenda sufi que, ao caminhar pelo deserto, os homens sábios cantavam, de boca fechada, apenas com a vibração da garganta, o mantra UM, reverenciando a unidade do seu Ser com Alá ou Deus e a unidade de todas as coisas. Você também pode entoar este mantra UUMM ou qualquer outro com a boca fechada, como se cantasse uma música para si mesmo, para seu Verdadeiro Ser.



Mantras e a ampliação da consciência



Stanislav Grof, eminente Psicólogo do campo Transpessoal, nos fala da importância da ampliação de nossa consciência para os níveis mais elevados, nos quais encontramos a totalidade de nosso Ser.

Nós podemos escolher viver uma vida de ampliação de consciência, e os mantras podem nos ajudar neste caminho. Para isso, basta cantar os mantras mais eficazes e potentes para você durante algum tempo, entre cinco e trinta minutos, e você se perceberá em êxtase, com uma leve sensação de euforia ou tontura. O êxtase é a porta para nosso Ser mais profundo, por isso, faça dos mantras e do êxtase uma realidade a ser vivenciada a cada dia de sua vida. Celebre a vida. Celebre o êxtase. Celebre a consciência ampliada. Cante, cante, até a luz do céu entrar no templo de seu espírito.

A consciência ampliada produz um potencial curativo por si próprio, pois é como se entrássemos em estados meditativos, ao que chamamos de estado alfa. Nossa frequência cerebral se torna mais lenta, mais tranquila, nossa capacidade criativa e imaginativa se abre, e podemos redesenhar nosso pequeno ser em comunhão com o Grande Ser.

Mantras, orações e outras técnicas espirituais podem ampliar nossa consciência e nossa percepção. Estas ferramentas, ou “tecnologias do sagrado”, atuam como um processo de purificação, no qual vamos retirando as camadas de sujeira e poeira de nossa mente que nos impedem de ver a luz do Verdadeiro Ser.

Abra sua intuição para as práticas espirituais ou de autodesenvolvimento que mais te interessem. Deixe a luz do Verdadeiro Ser te guiar. Ela só pode ser encontrada aqui, agora. As portas de casa estão aguardando que você as abra neste momento. Cantar mantras são uma chave. Existem outras, e você pode descobrir aos poucos quais funcionam melhor para você.


Mantras são um caminho para uma vida de celebração, de união com a fonte divina dentro de nós. Mantras são um caminho para viver níveis e níveis mais elevados de espiritualidade, de consciência, de plenitude, de realização e de amor.



 Sejamos amor!!!



quinta-feira, 8 de agosto de 2013


Rituais de passagem




Às vezes de pequenas em pequenas mudanças vamos dando passos que vão transformando nossas vidas. Outros momentos são de grandes transformações, nos tornamos confusos, sentimos medo do desconhecido do que está porvir. A sociedade moderna tem cada vez mais dessacralizado todos os momentos de nossas vidas, e, assim, perdidos de nossa matriz espiritual, ficamos sem saber muitas vezes o que fazer diante dos momentos de mudança. O mesmo não acontecia com os ancestrais que, celebrando a beleza da vida em cada uma de suas passagens, apresentavam uma vida espiritual rica de mitos e rituais para a puberdade e entrada na vida adulta, para o casamento e para a passagem pela porta escura da morte.

A Tanatologia ensina que devemos escolher viver sob um dos dois paradigmas: o da quantidade de dias ou o da qualidade de vida. Dentro da visão da quantidade, a vida se torna uma acumulação de bens, de posses, de dias, mas o desprazer de viver é uma característica marcante que vai gerando dissociação e psiconeuroses, doenças da alma de uma vida cada vez mais sem sentido. Dentro da visão da qualidade de vida devemos procurar viver com o mais profundo Ser, com o mais profundo amor em nós. Devemos viver o nosso chamado pessoal.

O ponto chave é que, para isso, devemos muitas vezes nos arriscar, passar por perdas profundas, momentos de grandes transformações, verdadeiras mortes em vida, as chamadas mortes simbólicas. Assim, nestes momentos de sofrimento e de dor, é importante não desistir de nosso eu mais profundo, do ser em nós que está sempre nos apontando um caminho novo, uma possibilidade de nos reencontrar com nosso caminho de cura, transformação e evolução. É preciso meditar e orar, e observar nossos sonhos e visualizações, ver o que o verdadeiro ser aponta para nós.

Não nascemos prontos, não somos perfeitos e não podemos ser completamente e eternamente felizes nesta vida. A mudança, as mortes e as mudanças são parte importante. Deixar morrer, para poder renascer. Poder se renovar e viver os novos níveis com os quais a vida quer nos presentear. Assim, seguir nosso caminho, viver nossos próprios rituais de passagem, marcando cada era, cada época significativa de nossas vidas com mais qualidade de presença, de ser. Abraçar a mudança, encontrar nosso caminho novo, renovar-se, seguir, acolher o que o verdadeiro ser mostra para nós em sua vastidão e mistério. Assim seja!


São Miguel e a Meditação



No livro "Palavras de Poder", de Lauro Henriques Jr., volume Brasil, vemos um interessante mito indiano de Durga, divindade indiana associada à guerra que, em certa batalha aparentemente invencível, tinha de lidar com o demônio Raktabija, o qual possuía muitas cabeças. O problema é que a cada vez que Durga cortava uma das cabeças do demônio, de seu sangue nasciam novos demônios, que pareciam proliferar sem fim. Até que, da profunda ira de Durga, ela se transforma em Kali, a devoradora do mal, divindade indiana da morte. Para vencer a atroz batalha, Kali usa de um expediente incomum: ela passa a beber o sangue do demônio para que não nascessem novos, até que, um a um os demônios e suas cabeças foram sendo extirpados. 

A estória é uma impressionante lição sobre a importância de integrarmos o mal em nossas vidas, aprendermos as lições que os momentos difíceis tem a ensinar sobre nós mesmos, nossos limites, nossos pecados, que, como demônios, se proliferam e nos impedem o contato com nosso verdadeiro Ser.

Esta imagem me lembra também a impressionante figura de São Miguel Arcanjo, o guerreiro das hostes espirituais da luz, o guerreiro do Cristo. Representado com uma espada, pisando sobre a cabeça do inimigo, o Arcanjo Miguel é a representação da meditação em nós, a busca pelo ser mais profundo para além das ilusões mil que se proliferam no ego. 

Existem momentos de nossas vidas que temos de matar um dragão por dia. Momentos difíceis, de verdadeira guerra espiritual, onde os conflitos interiores e até exteriores não nos permitem a paz. Assumimos então  lugar de guerreiros espirituais, e devemos lutar pela conquista de nós mesmos, não nos entregando ao mal. Bem e mal estão sempre lutando dentro de nós. No inferno dos conflitos está a escada que nos levará ao paraíso. Assim como, quando nossa vida está um céu, nosso apego, nossos vícios são o abismo que nos levará de volta a viver um inferno. Céu e inferno estão, portanto, dentro de nós, são estados de consciência que temos de viver em nossa jornada evolutiva.

Que possamos em oração invocar os poderes do Arcanjo Miguel em nós. Fazemos isso ao utilizar tudo o que acontece de bom e de ruim em nossa vida como nossa meditação, tudo como nosso treinamento, tudo como nosso caminho espiritual. São Miguel é o Ser em nós que corta a cabeça do inimigo, o ego. Então, que escolhamos servir ao Ser em nós, aos novos níveis de amor e de consciência que convidam à nosso caminho de evolução. Termino com aquela música de Legião Urbana: "Mais é claro que o Sol, vai voltar amanhã, mais uma vez, eu sei..."



DESEJAR PROFUNDO



Estava aqui escutando aquela música “Tente outra vez” do baiano Raul Seixas, a quem admiro muito. Há muitos trechos significativos para mim, e nesta reflexão gostaria de focar na parte em que se diz: “queira, basta ser sincero e desejar profundo, você será capaz de sacudir o mundo, tente outra vez!”. Isto me fez refletir que muitas vezes na vida nos perdemos por seguir os desejos do ego, enquanto esquecemos o desejar profundo, os desejos do verdadeiro Ser em nós. Os desejos do ego muitas vezes estão baseados no medo, e a partir daí ele busca fugas, status, poder, falsos tesouros para viver suas ilusões de segurança. O desejar profundo, o desejo do verdadeiro Ser, é o desejo do amor. Podemos dizer metaforicamente que é nossa verdadeira missão espiritual. Aquilo a que mais amamos, mas nos afastamos por causa das convenções sociais ou compromissos. O que eles vão pensar de mim se eu me dedicar à música, à literatura, à espiritualidade? E assim abandonamos nosso caminho de realização, deixamos de viver o amor verdadeiro em nossas vidas.

(...)

Somente no Verdadeiro Ser podemos encontrar a verdadeira segurança e autoconfiança. Somente no Verdadeiro Ser podemos encontrar uma vida de plenitude criativa. Podemos encontrar também a realização mais profunda. O Verdadeiro Ser é a fonte de todo o Amor que podemos viver. Às vezes procuramos fora de nós o que está dentro, o que já está em nós. O Verdadeiro Ser é a divina comunicação e comunhão com toda a vida, é a fonte de toda a espiritualidade, é a fonte da conexão com o cosmos e com toda a vida viva.


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