quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Como uma prece...

Nesta postagem, gostaria de colocar algumas citações e frases que são como uma oração:


“Cinzenta, amigo, é toda teoria / E verde somente é a árvore/ De dourados frutos/ Que é a vida” (Goethe)

“Assim como é acima, abaixo; Assim com é fora, dentro.” (Tabula Smaradigna Hermetis)

“Conhece a ti memso” (oráculo de delfos)

“Rir muito e com freqüência; ganhar o respeito de pessoas inteligentes e o afeto das crianças; merecer a consideração de críticos honestos e suportar a traição de falsos amigos; apreciar a beleza, encontrar o melhor nos outros; deixar o mundo um pouco melhor, seja por uma saudável criança, um canteiro de jardim ou por uma redimida condição social; saber que ao menos uma vida respirou mais fácil porque você viveu. Isso é ter tido sucesso.” (Ralph Waldo Emerson)

“Amados, se Deus assim no amou, também nós devemos amar uns aos outros.” (I JO 1:11)

“E a tua vida mais clara se levantará do que o meio dia; ainda que haja trevas, será como a manhã”.
“E terás confiança, porque haverá esperança; olharás em volta, e repousarás seguro”.
(JÓ 11:17-18)

“Possa eu estar preparado para tomar nas mãos o sofrimento dos outros; possa eu dar a eles meu bem-estar e minha felicidade” (Livro Tibetano do Viver e do Morrer, p.282)

“E tudo quanto fizerdes, fazei de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens.” (Colossenses 3:23)

“Apaixonar-se por Deus é o maior dos romances; procurá-lO, a maior aventura; encontrá-lO, a maior de todas as realizações” (S. Agostinho)

“Em verdade eu te digo que aquele que Me vê em tudo e todo o universo em Mim, nunca Me abandonará e nunca será por mim abandonado. Para sempre estará ligado a Mim, pelos laços preciosos do AMOR”. (Bhagavad Gita, c.30)

Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda.” (C.G.Jung)

“Para nós, tratar com o inconsciente é uma questão vital – uma questão de ser ou não ser espiritual.” (JUNG, CW vol.IX/1)

“A verdade é uma só. Os sábios falam delas por muitas palavras.” (VEDAS).


UMA REFLEXÃO SOBRE A PACIÊNCIA

Um dia, o discípulo encontrou-se com seu mestre aos pés de um belo riacho. O mestre parecia mergulhado no silêncio, enquanto que a turbulenta alma do discípulo estava preocupada com o dia de amanhã, na incerteza do que poderá trazer o futuro. Decidiu interrogar ao mestre sobre qual conduta tomar para acalmar seu coração.

- Uma parte de nós deseja que as nossas questões se resolvam logo, que a vida ande para frente. Mas parece que o Universo anda em outro ritmo, bem devagar, no seu próprio tempo, o que faz com que criemos sofrimento com a impaciência. Então, Mestre, como ter mais paciência?

- A paciência é a confiança no Verdadeiro Ser. Na prática de tiro com arco, você pode visualizar um arqueiro que puxa a flecha, mas não a solta, pois deseja controlar os resultados. Assim tem sido na vida de muitas pessoas, e na sua também. Como a criança que não deixa a plantinha crescer por estar sempre abrindo o buraco para olhá-la, vocês não deixam a vida germinar, o que demanda tempo, pois não dão o espaço apropriado para que a velha semente possa morrer e para que a nova planta possa surgir. A vida surge da morte, e esse jamais poderá ser um processo indolor.

O Verdadeiro Ser vai surgindo reluzente na medida em que a escuridão e o ego vão morrendo. Mas, para o ego, abrir mão é morrer, e ele não fará isso. É somente no Verdadeiro Ser que podemos experimentar a paciência. E o caminho para se ter paciência é sentir gratidão por cada etapa do processo.

A mãe carrega com paciência o bebê no útero, e ainda assim ela vive saudavelmente o processo de espera, na medida em que sente gratidão por cada etapa. A árvore tem paciência, e somente produz frutos no momento propício, expressando sua gratidão pela vida. A natureza é sábia, pois é símbolo de harmonia e perfeição Daquela Inteligência Infinita que a criou, o Grande Mistério inominável. Mesmo os que não acreditam em um deus, devem observar que há na Vida uma Inteligência Suprema que nos ultrapassa. Observar o milagre da vida e sentir gratidão nos harmoniza novamente com o fluxo do Universo, e sentir gratidão por cada uma das mais simples manifestações da Natureza Sagrada nos faz sentir conectados com o que verdadeiramente somos, aqui e agora, pois nós somos um só com a Natureza Sagrada.

A paciência é como fruto desta sublime conexão, quando, com as mãos em prece, dizemos GASSHO, NAMASTÊ ou AMÉM, eu me entrego à Vontade que é maior que minha vontade, eu saúdo o que há de mais sagrado na vida, dentro, fora e através de mim, eu me entrego à não ação, a wu wei, pois esvazio-me de mim mesmo, e permito que somente a ação inspirada pelo Verdadeiro Ser possa surgir através de mim.

Cada um de nós é como um canal do Verdadeiro Ser, como o vazio do bambu, a serviço do amor e da vida. Podemos resistir ao fluxo de amor e nadar contra a corrente, feito ego impaciente, mas também podemos conscientemente nos entregar ao fluxo de TAO, ao fluxo de energia e de vida, e nos sentir gratos na medida em que participamos deste mistério que nos ultrapassa, sentir gratidão por sermos os canais da energia universal que nos quer utilizar sempre e cada vez mais para espalhar sabedoria, paciência, gratidão, cura, presença, todos os frutos, enfim, de uma vida com bases bem fundamentadas no transpessoal AMOR.


UMA REFLEXÃO SOBRE A SOLIDÃO

Certa vez, um discípulo caminhava pela floresta que conduzia ao templo de seu mestre. Sua alma estava dolorida pelo período de solidão ao qual enfrentava. Ao receber o discípulo, o mestre conduziu-o por uma meditação para suavizar e acalmar sua mente, e seguiu-se o diálogo:

- Mestre, parece-me que às vezes agimos baseado no medo da solidão. Atuamos utilizando máscaras, as quais estão mais de acordo com o que os outros esperam de nós do que o que realmente nos indica a voz de nossa intuição, o chamado de nosso Ser mais profundo. Como a sabedoria pode nos ajudar a atravessar o medo da solidão?


- Meu filho, a sabedoria de toda uma vida é como uma flor que nasce dos pântanos da alma. Enquanto a solidão alimenta-se e brota justamente da mesma substância que alimenta as nossas sombras interiores, a gratidão pela vida na contemplação do Ser verdadeiro transmuta em luz de amor todos os medos. Onde habita a gratidão e o amor, não pode haver espaço para o medo. O medo é fruto do egoísmo, a prisão do ego que nos acorrenta e nos impede de dar um passo no rumo de nossa felicidade. Quando estamos no espaço interior a partir do qual sentimos gratidão, estamos como fosse no olho do furacão. Há muito movimento, causado pela mente, pelo ego e pelas sombras. Há o movimento de nossa própria vida encarnados na matéria, que ruge qual a mitológica Babilônia, o grande furacão da inconsciência coletiva, também chamada Maya. Mesmo assim, em meio ao medo, em meio à incerteza ou em meio à dor, podemos conscientemente nos sintonizar com a gratidão, agradecendo os aprendizados do passado e do presente, e desenvolvendo confiança de que nos próximos passos a vida nos trará novos caminhos, afinal de contas tudo é mutação. A vida é rio que corre sempre em frente, então podemos expressar gratidão e fluir junto com o rio, observando sua passagem. As águas do rio não podem ficar presas àquela bela montanha ou àquelas belas pradarias que ficaram no passado, que ficaram para trás. Às vezes as águas do rio devem ser levadas às regiões áridas, representação daquilo que habita em nosso interior e não queremos enxergar. De qualquer forma, elas devem permanecer correndo no fluxo da vida, para desaguar no oceano e cumprir sua meta, culminando assim na autorrealização, no cumprimento de seu propósito mais profundo. A meta da vida é o aprendizado constante, através do desenvolvimento da consciência até que culminemos com nossa entrada consciente de volta a TAO, o que representa a salvação ou a iluminação, como mergulho de dissolução num Oceano de Amor que já está em nós, mas que ainda não conseguimos perceber. A gratidão, a compaixão e o amor é o caminho dos sentimentos nobres que nos sintonizam com o fluxo da Vida, e é a amorosidade de nosso ser essencial um caminho como bálsamo salutar que nos facilita o retorno ao fluxo de TAO, a ser aquilo que nós verdadeiramente somos.

sábado, 9 de novembro de 2013

NADA IRÁ NOS PREENCHER


Nada irá nos preencher. Sim, pois o preenchimento é interno. Pelo menos esta é a tese que quero apresentar neste texto de hoje. A plenitude a qual nós tanto aspiramos só pode vim de dentro de nós, da descoberta e do contato com nosso Ser interior. Muitas vezes tentamos mudar os outros, tentamos mudar a nós mesmos, tentamos mudar o que é. Eu também faço e fiz isso muitas e muitas vezes. Este tipo de atitude caracteriza, no entanto, uma não aceitação do que é, uma desconexão do fluxo da vida. Causa dor e sofrimento para nós e para os outros. E, paradoxalmente, a mudança somente acontece na plena aceitação, quando podemos silenciar nossa mente ou nosso ego e nos assentar na presença de nossa amorosidade essencial. Aceitar o que somos, aceitar este momento. Fluir com o que é. Amar o que é. Amar os outros e ter paciência com os seus limites. Amar o que somos e ter paciência com nossos limites.

Nada vai preencher este vazio que caracteriza nosso ego. Esta sede interior, que vem da desconexão com o verdadeiro Ser, não pode ser saciada com as águas do mundo fora de nós, mas somente com a aqua doctrinae dos alquimistas, a fonte de água viva dentro de nós. Na superfície da vida e do eu, tudo é mudança, tudo é passagem. No verdadeiro ser, nas profundezas do oceano de amor que nós verdadeiramente somos, tudo É, o constante, ilimitado, além do eu, além da forma. "Não se trata de estar amando alguém, mas sim de SER AMOR!" nos aponta o caminho o sábio Osho.



AS FERIDAS DA ALMA

Dentro de nós existe uma criança ferida. Muitas vezes temos vergonha de nossa imaturidade, mas, justamente quando não a percebemos, ela puxa nosso tapete, clamando nossa atenção. Esta criança ferida em nós exige atenção, respeito, dependência dos outros, ser importante ou indispensável. Às vezes, fugimos de nossa dor procurando construir uma auto-imagem idealizada de poder, de serenidade inabalável ou de bonzinho ou boazinha. O que acontece aí, na verdade, na linguagem do Pathwork de Eva Pierrakos, é que estamos procurando falsos substitutos para o amor. O que nossa criança quer mesmo é ser aceita, ser amada, e de alguma forma acreditamos que sendo "alguém melhor" seremos amados, mas não sendo o que eu sou.  

Como eu posso curar minhas feridas? Perguntei e a minha intuição respondeu: "Curando a ferida dos outros"...  É como diz aquela famosa lei: buscai e achareis. Quem fere, fere a si mesmo, quem cura, cura a si mesmo. O que você quer receber da vida, procure dar... Todo o universo é uma interconexão entre dar e receber. Não tenho certeza se esta é uma resposta certa ou definitiva, nem tampouco acredito que seja um caminho universal, mas acredito mesmo que o importante é escutar o chamado de nosso eu interior. Ele fala conosco justamente através de nossa intuição. Eu sei que este é meu chamado, para minha vocação de ser terapeuta... E o seu chamado qual é? Aposto que sua intuição já respondeu... Escute... o silêncio...



OLHAR PARA DENTRO

Nossa sociedade nos faz procurar fora de nós momentos de grandes realizações: reconhecimento, segurança, poder, cursos, viagens, aparências, títulos, o relacionamento com a pessoa ideal, etc. No entanto, o caminho para a saúde e a cura no sentido integral está em nos harmonizar com nossa alma na comunhão com o fluxo da vida, nos harmonizar com aquilo que nós verdadeiramente somos e viver o equilíbrio entre o que a vida exterior nos pede e ao mesmo tempo atender à vocação a qual nossa alma chama em nosso interior. É disso que trata toda a jornada de autoconhecimento: dentro de nós é possível retornar a ser o que se é.

Outro dia num sonho um mestre me disse que procurasse guardar silêncio. Justamente eu que tanto falo e escrevo? Justamente por isso, talvez. No silêncio, na meditação, na oração, encontramos a porta estreita que nos leva à comunhão com nosso verdadeiro Ser. Apenas no silêncio podemos encontrar as respostas para nossa alma, a diretriz do nosso caminho. Assim, no interior do templo, na silenciosa presença do Ser, poderemos nos reconectar a quem nós somos. É uma questão de parar de procurar fora, e passar a olhar para dentro de nós. "Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda" já dizia Jung. Dentro de nós estão todos os segredos da vida. Dentro de nós está todo o mistério, toda a magia. Dentro de nós está tudo o que procuramos fora, nossa realização, nossa totalidade, nossa plenitude. Assim, aprendiz do mestre silêncio, percebi o novo mito pelo qual eu vivo: o COSMOS interior, encontrar e realizar este universo no interior do que eu sou.