sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Uma hora você vai precisar de terapia

Publicado em nossa coluna REALIZAÇÃO HUMANA
Uma Parceria com Instituto Sherpa
http://www.institutosherpa.com.br/uma-hora-voce-vai-precisar-de-terapia.html#.UmFFcPlQGPw



Na nossa sociedade tem-se o costume ainda pouco saudável de se acreditar que só quem faz terapia é quem tem graves problemas, ou é louco ou é doente.

No entanto, em uma discussão com os amigos do Instituto Sherpa sobre este assunto, ficou claro nosso consenso de que não se trata apenas disso, que fazer terapia vai muito além dos limites do patológico e que é uma forma de promover autodesenvolvimento, qualidade de vida e de despertar recursos e estratégias interiores para que cada pessoa possa trilhar seu caminho de autorrealização.

Então decidi escrever este texto buscando esclarecer um pouco mais o assunto.

Sim, o acompanhamento de um bom terapeuta, seja em psicoterapia, seja em hipnoterapia, por exemplo, é muito importante em casos patológicos, alivio e cura de sintomas como fobias, síndrome do pânico e outras crises de ansiedade, quadros de depressão e até mesmo quadros graves como esquizofrenia. Até mesmo em momentos de estagnação, perdas e luto, mudanças, um guia bem qualificado pode ajudar a pessoa a encontrar o melhor de si mesmo, vivenciando um processo de cura. Casos de problemas de aprendizagem e dificuldades de relacionamento também podem ser trabalhados num processo desta ordem. Mas, para além de uma visão de saúde com o objetivo de curar doenças e sintomas, defendemos aqui uma visão de promoção de saúde, de autocuidado, de promover melhores níveis de vida para quem deseja aproveitar ainda mais as possibilidades do que a vida tem a oferecer.

“Terapia é um processo de aperfeiçoamento para todo ser humano, para desenvolver e despertar o melhor em nós.”

A meta principal deste texto é destacar que terapia não é só para doentes. Quer desenvolver sua criatividade? Podemos trabalhar com meditação e arte-terapia, desenvolvendo seus próprios recursos e despertando sua dimensão criativa. Quer mais sentido ou significado na sua vida? Um acompanhamento em Psicoterapia, com a Logoterapia, por exemplo, certamente vai lhe ajudar. E que tal viver em mais qualidade de vida, em mais plenitude? Um trabalho de Renascimento pode ser o ideal para você. Quer vivenciar sua plenitude de recursos, administrar e superar desafios na vida? Quer encontrar um caminho para, a partir de seus próprios recursos, transformar seus sonhos em realidade? Um acompanhamento em Hipnoterapia ou Hipnose clínica pode certamente te ajudar a despertar o melhor que já está em você.


Então, o mais importante é você perceber agora mesmo que uma vida de mais plenitude, de mais recursos, de mais realização está disponível para você agora mesmo. Terapia é um processo de aperfeiçoamento para todo ser humano, para desenvolver e despertar o melhor em nós. Um bom guia, um bom condutor, um bom Sherpa, pode levar você a trilhar estes caminhos para viver uma vida de mais plenitude e realização. Estamos aqui de mãos dadas com você para despertar e desenvolver nosso melhor potencial. Que uma vida de qualidade e excelência humana esteja disponível para você agora mesmo!

Cura-te a ti mesmo

A compreensão holística da saúde em Edward Bach




O Dr. Edward Bach foi um médico inglês à frente de seu tempo. Desenvolveu um sistema de cura baseado no potencial terapêutico de determinadas essências extraídas de flores de plantas. Seu sistema conta com 38 essências e mais uma combinação emergencial, o "rescue remedy", e é indicado para desequilíbrios de ordem emocional, principalmente medos, indecisões e inseguranças, falta de energia, desinteresse na vida, no momento presente, submissão, solidão, e isolamento.

O Dr. Bach tinha uma compreensão holística de saúde, percebendo que a personalidade e a emoção estariam relacionadas com as desordens físicas de seus pacientes. Ele escreveu seu famoso princípio "cura-te a ti mesmo", passando para as pessoas a mensagem de que a cura física e emocional estaria diretamente ligada ao propósito espiritual de nossa existência. Buscar nossa real vocação seria, para o dr. Bach, de fundamental importância para nossa saúde física e espiritual. A seguir, trazemos um texto do próprio dr. Bach, falando sobre sua visão holística em saúde, mais que atual, uma necessidade para nossa época, na qual estamos tão separados de nós mesmos, de nossa verdadeira natureza:

A saúde depende de estarmos em harmonia com nossas almas.

A saúde é nossa herança nosso direito. É a completa e total união entre alma, mente e corpo, e não é um ideal longínquo a ser alcançado, mas para um objetivo tão fácil e natural, é de se esperar que muitos de nós o negligenciem. 
Todas as coisas materiais são apenas a interpretação de coisas espirituais. A menor e mais insignificante ocorrência tem atrás de si um processo divino. Cada um de nós tem uma missão divina neste mundo e nossas almas usam nossas mentes e corpos como instrumento para a realização dessa missão. 
Uma missão divina não significa sacrifício nem afastamento do mundo, nem rejeição das alegrias provenientes do que é belo e natural. Ao Contrário, Significa uma alegria maior e mais completa, significa fazer o trabalho que amamos com todo nosso coração e nossa alma, seja ele plantar, cuidar da casa, pintar ou servir nossos irmãos. E esse trabalho, qualquer que seja ele, é comandado definitivamente por nossa alma, a obra que temos que realizar neste mundo, e a única na qual podemos ser verdadeiros, interpretando de modo natural a mensagem de nosso Eu Superior. Através de nossa saúde e felicidade, podemos julgar quão bem estamos interpretando essa mensagem. Há no homem perfeito todos os atributos espirituais e viemos a este mundo para manifestá-los, aperfeiçoá-los e fortalecê-los, de modo que nenhuma experiência, nenhuma dificuldade possa lhes enfraquecer e nos desviar da realização deste propósito. 
Escolhemos uma ocupação aqui na Terra, e as circunstâncias externas que nos darão as melhores oportunidades para que sejamos testados; viemos com nossa obra particular já realizada; viemos com o incrível privilégio de saber que todas as nossas batalhas estão ganhas antes de lutarmos; viemos sabendo que a vitória é certa, antes do teste, porque sabemos que somos filhos do Criador e, como tais, somos Divinos, inconquistáveis, invencíveis. Sabendo disso a vida é uma alegria, dificuldades e experiências podem ser encaradas como aventuras, pois temos apenas de perceber nosso poder, temos de ser verdadeiros em relação à nossa Divindade, para que tudo, todas as dificuldades se desfaçam, como a névoa sob a luz do sol. Deus deu realmente a Seus filhos, o domínio sobre todas as coisas.  
Nossas almas nos guiarão, se lhes dermos ouvidos, em todas as circunstâncias, em cada dificuldade. E a mente e o corpo assim dirigidos, transporão a vida irradiando felicidade e perfeita saúde, livres de todas as preocupações e responsabilidades, como uma criança confiante.

Como funciona o tratamento: os florais de Bach são administrados no formato de solução, devem ser ingeridos sob orientação do terapeuta. São divididos em grandes grupos, a depender dos tipos de sintomas: grupo do medo, da incerteza, solidão, hipersensibilidade, grupo da depressão, da preocupação excessiva, do desinteresse pelo presente e os florais compostos, como o rescue. Os florais atuam em nossos corpos mais sutis, promovendo uma mudança a princípio imperceptível, mas a médio prazo promovedora de saúde, equilíbrio emocional e qualidade de vida. É um ótimo complementar para processos terapêuticos. Consulte um terapeuta habilitado!




VOCÊ PODE VIVER MAIS HARMONIA!

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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A jornada terapêutica: uma visão Holística Transpessoal

Este texto é o resumo de uma palestra que fizemos na UFC, em uma parceria entre NUPLIC (núcleo de Psicologia Clínica) e Instituto Sherpa. O objetivo da palestra era apresentar o valor das práticas terapêuticas, e pudemos contar com um psicanalística e com um psicólogo humanista-existencial, além de nossa presença, representando a visão Holística Transpessoal. Aqui, abordamos os principais pontos do que foi explorado por nós nesta apresentação.


Visão Holística e Psicologia Transpessoal

Visão Holística é um termo que dá conta da multidimensionalidade do ser humano, enxergando-o como um ser energético, corporal, relacional e espiritual. As terapias holísticas surgem da sabedoria dos povos antigos, como a tradicional medicina Ayurveda indiana, a Medicina Tradicional Chinesa e os ensinamentos de tradições como o Xamanismo. Nós trabalhamos mais especificamente com a Sabedoria Chinesa, de onde surgem práticas para uma saúde integral como Ioga Chinesa, Tai Chi Chuan, Kung Fu e Acupuntura. Nós trabalhamos, por exemplo, com a Massagem Chinesa, o Reiki Taoista, a Reflexologia, dentre outros.

Terapia Transpessoal, por sua vez, surge a partir do movimento transpessoal, que está na base dos novos paradigmas científicos que passaram a ser discutidos a partir do século XX, quando a física moderna nos postula um novo modelo de realidade, onde energia é matéria e matéria é energia. Um movimento multidisciplinar começa então a repensar e a refazer o modo de se fazer ciência, o que vai ter reflexos em todas as disciplinas, como na Ecologia, na Medicina, na Educação e na Psicologia. A Psicologia Transpessoal surge em 1968, neste contexto de efervescência cultural de grandes transformações como a contracultura, o movimento hippie e as lutas sociais. Busca criar um novo modelo de entendermos o homem e o universo, dialogando com as tradições espirituais da humanidade, incluindo a dimensão espiritual como fundamental para o entendimento do ser em sua totalidade. Conta com os trabalhos de Abraham Maslow, Bert Hellinger, Stanislav Grof, Alexander Lowen, Roberto Assagioli, Pierre Weil, dentre outros. Alguns exemplos de Terapias Transpessoais: Bioenergética, Respiração Holotrópica, Constelações Familiares, Psicossíntese, dentre outras.  

Terapias Holísticas e Terapias Transpessoais, portanto, dialogam na medida em que entendem o ser humano como uma totalidade bioenergética e espiritual, conectado a  toda a natureza, a toda a vida, a todo o cosmos. Surgem de caminhos de conhecimentos diferentes e apresentam práticas diferentes, entretanto  sempre visando a saúde e a cura como um resgate da conexão com a totalidade, a consciência, a amorosidade essencial do nosso Ser infinito.


A jornada terapêutica

Ser terapeuta significa convidar a pessoa que chega até nós para uma jornada rumo ao seu Ser interior. As várias escolas dentro da psicologia, dentro do movimento transpessoal e nas tradições espirituais da humanidade apresentam inúmeros mapas, cartografias da consciência. Entretanto, ressaltamos, o mais importante mesmo é a viagem, explorar o desconhecido de si mesmo numa fabulosa aventura de autodescoberta, autoexpressão, criando e recriando a si mesmo, vivendo a arte de viver a vida.

Assim, um aspecto de importância fundamental na Terapia Transpessoal é a vivência. Vivenciamos os aspectos profundos do ser, vivenciamos níveis mais profundos de consciência, vivenciamos, conhecemos, descobrimos e expressamos cada vez mais novas dimensões do mistério de ser humano, buscando equilibrar a feiura da vida, a dor, o sofrimento de ser humano, com as belezas da vida, a arte de viver, a maravilha de ser humano. Stanislav Grof apontava que as experiências transpessoais, vividas dentro de um processo de terapia experiencial, promoviam a cura, a transformação e a evolução, pois a nossa consciência mais profunda despertaria seu potencial terapêutico natural. Cura, assim, seria um resgate da consciência mais ampla, além do ego e suas defesas, de nosso modos usuais de viver uma vida sem sentido. Cura seria buscar um caminhar em direção à nossa totalidade. Seria viver além do ego, no verdadeiro Ser, com plenitude de sentido, presença, vida, amorosidade.

Cura, nesta nossa visão holística transpessoal, é descobrir e expressar nosso verdadeiro Ser, o mistério que habita além da identidade usual, daquilo que acreditamos que somos. É habitar na silenciosa presença do infinito em nós, vivendo assim, a cada passo, um caminho rumo à realização desta totalidade do Ser de amor em nós. 

O terapeuta e o cliente sempre sairiam transformados desta jornada, crescidos, acrescidos, modificados pela própria viagem. Ambos deixariam de ser meros habitantes do planeta, números insignificantes numa sociedade doente, e passam a se tornar parceiros da existência, desbravadores, artesãos da arte de viver a vida em plenitude. 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O valor da clínica numa visão Transpessoal



Escrevemos este texto com o objetivo de nos preparar para uma apresentação sobre o valor da terapia na visão da Psicologia Transpessoal, a quarta força em Psicologia, desenvolvida no final da década de sessenta por pioneiros como Maslow, Sutich, Fadiman, e que conta com a  participação de autores como Stanislav Grof, Pierre Weil, Alexander Lowen, dentre outros. Ressaltamos que parte do que aqui escrevemos é adaptado e atualizado de nosso livro "Sobre Psicologia e espiritualidade" (POSSIDONIO, 2013).

O nosso principal apontamento é que o objetivo de uma terapia transpessoal é viver uma vida plena de sentido e significado, viver relações significativas onde uma verdadeira conexão e crescimento possa ser estabelecida entre as pessoas, viver uma vida de plenitude, de satisfação, de comunhão com a natureza e com o universo. Acreditamos que, assim, o ser humano estaria realizando sua totalidade, vivendo laços cada vez mais significativos de amor, nosso verdadeiro Ser. 



A TOTALIDADE DO SER HUMANO



Há, na totalidade do Ser, a inteireza humana, o que é expresso na Psicologia Transpessoal em termos do pressuposto psico-somático-noético-pneumático, onde a totalidade do SER nos pode ser representada em suas dimensões psicológicas, corporais/materiais, existenciais e espirituais. Esta dimensão inclui o Mistério, com m maiúsculo, onde podemos apontar para o sagrado, para o Absoluto que nos ultrapassa, que nos transcende. Nestes pressupostos encontramos a autorrealização, e também, principalmente, a autotranscendência, ambas interconectadas como necessárias para se atingir a totalidade da realização humana. É no pressuposto do ser humano psico-somático-noético-pneumático que a dimensão espiritual do Ser pode ser integrada. Citamos o autor Roberto Crema, da UNIPAZ:



“Numa singela e bela lição, Buda perguntou a seus discípulos: “O que é o oposto da morte?”Com a mente binária, todos responderam: “Vida”. Ao que o mestre sentenciou: “Não; é o nascimento, pois a Vida é eterna!” E Cristo afirmava ser o doador de Vida, de Vida em abundância: “EU SOU o Caminho, eu sou a Verdade, eu sou a Vida”. Nosso composto trinitário existencial é atravessado pelo Mistério da Vida e, agora, estamos diante do pressuposto antropológico que dá guarida à vastidão do fenômeno humano: psico-somático-noético-Pneumático” (CREMA, 2002, p.33).



Roberto Crema continua sua exposição do profundamente humano nos falando das diversas estações do AMOR: segundo ele, “aprender a amar é a primeira e derradeira lição na escola da existência” (CREMA, 2002, p.35). 

Para ele há uma última direção e meta importante na visão Transpessoal que precisa ser apontada, pois em nós evoca a etapa suprema na arte de amar: o amor pneumático, transumano, transpessoal. É, para o autor, o amor em seu modo de ser ontológico, que é gratuito e incondicional, está além da forma, transbordando da profundidade do Ser. Amor, desta forma, é amor espiritual, por tudo o que existe e mais além, pelo que é transcendente. Amar, nesta perspectiva, é um estado de abertura da dimensão do coração, e de atenção, de cuidado, de acolhida e de escuta. É respeitar a totalidade que habita em nós, nos outros, na natureza, em todo o universo, e em tudo o que existe. “É o amor que transcende a criatura, o amor da fonte, o amor da Vida por Ela mesma” (CREMA, 2002, p.37).





A TERAPIA NUMA VISÃO TRANSPESSOAL



De acordo com Manoel Simão, a terapia de orientação Transpessoal visa promover ao cliente a possibilidade de ele se encontrar, o que pode consistir em mapear os seus “problemas” e a situá-los no ambiente social, cultural, familiar, profissional, afetivo, espiritual, etc., o que por si só já é altamente terapêutico e ainda possibilita a diminuição da ansiedade e a potencialização da autoconfiança, requisitos necessários e importantes ao início do processo de auto-cura. Isto porque, dentro desta perspectiva, é a psique quem se cura, através de seus mecanismos de busca do próprio equilíbrio.

O terapeuta que situa suas práticas dentro desta nova abordagem deve ser encarado como um facilitador, que acompanha amorosamente o desenvolvimento psicoespiritual de seus clientes, como se faz, metaforicamente, ao apresentar o solo correto para que possam florescer os botões em um jardim. Ou como na metáfora de um guia que conduz o viajante sem apontar qual é o caminho correto, deixando que ele siga o seu próprio processo, cuidando para que a jornada seja significativa.

Na terapia Transpessoal, nosso dever consistiria, segundo o autor, em conscientizar os clientes acerca da sua natureza e a extensão do seu desalinho emocional, bem como pontuar e passar informações sobre a possibilidade de desenvolver suas potencialidades e capacidades inatas, as acolhendo em seu incipiente surgimento, sendo estas formas trans-convencionais de ser, de recriar-se, de expressar-se, oferecendo recursos para viabilizar seu florescimento.

Para o autor, quando uma pessoa procura a terapia, quase sempre seu objetivo é a diminuição e até a eliminação de um estado de sofrimento decorrentes de dificuldades de ordem emocional e, acrescenta, espiritual. No caminho que faz para o interior de si mesma, ela tem a chance de adquirir mais conhecimento de seu verdadeiro modo de SER e de desenvolver-se como pessoa, buscando sua plenitude e realização

No contato consigo mesma, seja para descobrir os recursos pessoais para a evolução, seja para encarar seus “estados de consciência”, como sintomas ou processos defensivos, um guia ou orientador experiente apresenta-se como necessário. Ai está o que parece ser uma das funções básicas do trabalho terapêutico. Sabemos o quanto o acompanhamento de uma ajuda acolhedora e gentil, porém firme e determinada ao apontar para os aspectos corretos do processo é fundamental para que se possa executar os mergulhos nas profundezas do SER mais profundo de cada um de nós. 

De acordo com o artigo de Fátima Corga, “Psicologia Tranpessoal”, o que caracteriza um terapeuta transpessoal não é o seu conteúdo, mas sim o contexto. O conteúdo é determinado pela relação terapêutica em si, entre cliente e terapeuta, como, segundo ela, bem o estabeleceu Carl Rogers. Para a autora, um terapeuta transpessoal deve aprender a lidar com os problemas que emergem durante o processo terapêutico, incluindo acontecimentos mundanos, fatos biográficos e problemas existenciais e até espirituais. Contudo o que realmente define a orientação transpessoal é um modelo mais amplo da psique humana, que seja capaz de reconhecer a importância das dimensões espirituais e o potencial que esta dimensão apresenta para a evolução da consciência. 

O terapeuta transpessoal, assim, deve ser consciente do espectro total das experiências psíquicas de que é capaz o ser humano, deve ter vivenciado um processo interior e encontrado estas experiências com a consciência mais elevada, deve estar em uma busca constante de viver esta consciência, e deve sempre acompanhar o cliente em sua exploração de novos campos de experiências, quando há oportunidade, não importando qual o nível em que o processo terapêutico esteja focalizando.

O próprio Rogers, ainda segundo Fátima Corga, referiu-se muitas vezes em suas últimas obras às percepções transpessoais e fenômenos congêneres de estados sutis de consciência, e estabeleceu ele que estes são eventos observáveis e inerentes ao trabalho bem sucedido com Grandes Grupos e Workshops:



“O outro aspecto importante do processo de formação de [Grandes Grupos] com que tenho tido contato é a sua transcendência e espiritualidade. Há alguns anos eu jamais empregaria estas palavras. Mas a extrema sabedoria do grupo, a presença de uma comunicação profunda quase telepática, a sensação de que existe "algo mais", parecem exigir tais termos” (Rogers apud CORGA, in: “Psicologia Transpessoal”).



Ainda Rogers: “Tenho a certeza de que este tipo de fenômeno transcendente às vezes é vivido em alguns grupos com que tenho trabalhado, provocando mudanças na vida de alguns participantes. Um deles colocou de forma eloquente: "Acho que vivi uma experiência espiritual profunda, senti que havia uma comunhão espiritual no grupo. Respiramos juntos, sentimos juntos, e até falamos uns pelos outros. Senti o poder de força vital que anima cada um de nós, não importa o que isso seja. Senti sua presença sem as barreiras usuais do 'eu' e do 'você' - foi como uma experiência de meditação, quando me sinto como um centro de consciência, como parte de uma consciência mais ampla, universal” (idem).



De certa forma, de acordo com a autora, Rogers parecia estar indicando que a ACP por ele elaborada, junto com seus colaboradores, estaria se desenvolvendo a ponto de incluir as dimensões transpessoais em seu arcabouço teórico, mas a sua morte o impediu de levar adiante seus insights:



“Tenho a certeza de que nossas experiências terapêuticas e grupais lidam com o transcendente, o indescritível, o espiritual. Sou levado a crer que eu, como muitos outros, tenho subestimado a importância da dimensão espiritual ou mística” (ROGERS, idem).




UMA CONCLUSÃO


Toda conclusão é sempre um recomeço, todo fim é sempre o principio, todo passo é sempre o primeiro passo, e, por isso, expressamos este momento como uma conclusão. Na verdade, no nosso ser mais profundo, não há começo, não há fim, só há este momento. Todo fim é recomeço, e todos os passos são passagem. Tudo o que existe é o caminho, o caminhante, o caminhar.

Ser terapeuta numa visão transpessoal é estar a serviço do verdadeiro Ser que habita em cada pessoa. Este nosso ser mais profundo se expressa em nossas vidas como amor, como uma expressão criativa, como mudanças significativas, transformações que levam a níveis mais elevados de saúde e cura. 

Ser terapeuta numa visão transpessoal é ser capaz de guiar o outro numa jornada de autodescoberta na qual terapeuta e cliente saem transformados, crescidos e acrescidos, aperfeiçoados em sua sensibilidade, em sua amorosidade e presença. 

Resgatar a totalidade, resgatar e desenvolver nosso potencial de amar, viver a vida como artistas da existência, como uma jornada de auto-descoberta, de auto expressão criativa da beleza do Ser, caminhando num processo contínuo de auto-transcendência, de conexão e comunhão, de autorrealização,  estes são os objetivos das jornadas terapêuticas numa visão transpessoal.






REFERÊNCIAS


CORGA, Fátima. Psicologia Transpessoal. Fonte: http://www.institutoluz.com.br/?p=artigo16. Acesso em 2011-02-18 às 15h45min.

CREMA, Roberto. ANTIGOS E NOVOS TERAPEUTAS. Abordagem transdisciplinar em terapia. Petrópolis: Vozes, 2002.

SIMÃO, Manoel. Psicologia Transpessoal e Espiritualidade. Artigo publicado na Revista Saúde - Universidade São Camilo Ano 34. Fonte: www.alubrat.org.br. Acesso em 2011-02-19 às 16h40min.

POSSIDONIO, P. Sobre Psicologia e espiritualidade. Fortaleza, s. e. 2013. Disponível em www.pedropossidonio.wix.com/terapeuta.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Mergulho no Verdadeiro Ser

O encontro consigo mesmo numa visão Transpessoal


   A sociedade em que vivemos está se tornando cada vez mais adoecedora. É uma sociedade normótica, desequilibrada, na qual a norma é fingirmos que somos normais. Todos são felizes, todos são ricos, todos são realizados... mas será que se trata de felicidade e realização verdadeiras? A verdadeira realização está em viver além das máscaras e fingimentos, está em para de mentir para si mesmo somente para agradar os outros, se adaptar, ser "normal", ou, numa visão transpessoal, ser normótico. Saúde mesmo é viver em plenitude, é viver a criatividade de fazer de cada momento de nossas vidas uma obra de arte, na qual nos deslumbramos com o grande mistério da existência. Agora vamos a alguns pontos da Psicologia Transpessoal que são importantes de abordar para esclarecermos estas questões....


NORMOSE – A PATOLOGIA DA NORMALIDADE

Pierre Weil define normose como “um conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou de agir, que são aprovados por consenso ou pela maioria em determinada sociedade e que provocam sofrimento, doença e morte.” (Weil, 2003, p. 22). Podemos dizer, então, que ao falar de normose estamos lidando com um estado patológico onde são seguidas as normas introjetadas pela sociedade mesmo que elas conduzam ao sofrimento e à enfermidade, constituindo, portanto, uma normalidade doentia.
Quando há um estabelecimento de um hábito de pensar, sentir ou agir; quando há um comportamento executado por ser aceito por consenso social; quando há nesse comportamento uma natureza patogênica ou letal e se ele tiver gênese pessoal ou coletiva, mediante processo introjetivo, temos caracterizado um comportamento normótico.
Jean-Yves Leloup pontua que a normose é capaz de gerar sofrimento, como ocorre na neurose e na psicose. “É ela que nos impede de sermos realmente nós mesmos.” (Leloup apud Weil, 2003, p. 25). Ele agrega, então, à discussão, dois novos conceitos, o de pléroma, definido como desejo do Aberto, total presença ou plenitude, e o de kénosis, medo do Aberto, total vacuidade, aniquilamento ou dissolução do ego. A existência do homem, assim, desenvolver-se-ia por meio dos desejos e dos medos, e as transformações ocorreriam quando o desejo de pléroma vence o medo de kénosis. Em nosso processo de transformação, devemos integrar os vários níveis de consciência e, a cada passagem, a cada entrada em um novo estado de consciência, encontramo-nos diante do desejo de pléroma e do medo de kénosis.
Se a resistência diante do Aberto se manifestar na forma de terror, segundo Leloup, temos caracterizada a psicose. Se ela tomar forma de ansiedade e angústia diante do Aberto, temos a neurose. Se tivermos medo diante do Aberto, temos a normose. Na normose, é necessário ser como os outros, agradar, e não há espaço para o próprio desejo, para o próprio ser. É na normose que o ter ultrapassa o ser, e a aparência torna-se imperativo, em detrimento da essência. Leloup ressalta, porém, que se não cumprirmos o que nos pede nossa formação criativa, sem acessarmos nosso próprio pensar, nosso próprio desejo, nosso próprio criar, adoecemos, pois o eu sucumbe diante do conformismo.
Leloup aprecia, então, aspectos do que ele define como chamado do Self, que podemos sentir no interior de cada um de nós. Ele pontua que “existe algo maior do que nós. Algo mais inteligente e mais amoroso do que nós” (Weil, 2003, p. 31), que seria o Self. Podemos, porém, retroceder diante da própria grandeza, da dimensão espiritual do Ser, o que é chamado complexo de Jonas. Temos o dever de nos libertar destes medos para escutar nosso desejo mais íntimo, seguir nosso caminho passando de um plano de consciência para outro, rumo à identidade do puro EU SOU, à união com o Ser que habita dentro de nós.
Podemos pontuar, finalmente, que amplas transformações no plano social poderiam ser vislumbradas com a perspectiva da cura da normose. Às instituições sociais de controle, seja de caráter religioso seja político, nos questionamos se apoiariam a promoção de um pensamento que nos torna livres de suas regras para sermos o que realmente somos. Ao plano da psicoterapia, nós acreditamos que seria possível potencializar as transformações da consciência de cada um no sentido de realização destes íntimos desejos, destes chamados, promovendo a cura, que seria como um direcionamento para a plenitude, para a pura consciência do Ser. Como afirmara Jung, “somente aquilo que somos tem o poder de curar-nos” (Jung, 2008b, p.43). 

CONCLUINDO...

Para além de viver os jogos do ego, das aparências e ilusões desta sociedade adoecedora, somos todos convidados a fazer de nossa passagem pela terra uma obra de arte, de amor, de aprendizado. E isto inclui aceitar e integrar tudo o que nos acontece, de bom e de ruim, pois cada situação é nossa mestra, cada irmão é nosso mestre. A jornada de autodescoberta é, ao mesmo tempo, uma jornada de realização (tornar real) e de criação de nosso Ser, e cada um de nós tem a missão de deixar sua marca única com sua passagem, pois somos todos esplêndidas expressões deste infinto oceano de amor, parte da grande teia da vida!



"APAIXONAR-SE por Deus é o maior dos romances; PROCURÁ-LO, a maior aventura; ENCONTRÁ-LO a maior de todas as REALIZAÇÕES". (Santo Agostinho).



Então finalizamos com este exercício de imaginação: respire fundo agora, tente relaxar e soltar as tenções na expiração, e tomando três ou quatro inspirações profundas... imagine uma luz, a luz do seu verdadeiro ser, percorrendo todo o seu corpo... Imagine esta luz bem mais forte, respirando mais fundo, na região do seu coração... Esta linda luz conecta você novamente com seu ser mais profundo, com sua essência mais amorosa ou espiritual, ou sua inteligencia mais profunda... O importante é usar o termo ou a compreensão que seja mais confortável para você. E cada vez você respira mais e mais fundo, vivenciando um mergulho no seu Verdadeiro Ser... Respire cada vez mais fundo e se pergunte:  o que Deus, em meu interior, o que o Amor Infinito, o que a Vida viva ou a Inteligência Infinita me entregou como dons para que eu possa desenvolver aqui nesta experiência de vida? Qual é meu caminho de realização neste momento? Como posso expressar e viver o amor de modo mais e mais profundo, mais e mais verdadeiro? Como posso encontrar-me mais verdadeiramente comigo mesmo, comigo mesma? Para quem gostar da ideia de viver a sinceridade consigo, espero que sejam vivas e verdadeiras as suas respostas...

Fica aqui o convite para você ser aquela pessoa que você realmente pode ser e sonha ser, aceitando o agora e abraçando seu caminho de realização!






Referências:

JUNG, C. G. O Eu e o Inconsciente. Obras Psicológicas Completas Vol. VII/2. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

WEIL, Pierre. Normose: a patologia da normalidade / Pierre Weil, Jean-Yves Leloup, Roberto Crema. – Campinas, SP: Verus Editora, 2003.